A Vila Vi lá! Gigante como sempre nos ensaios técnicos. Aliás, um
trabalho tão esmerado como aqueles de quarta e domingo são transpostos à
avenida com facilidade admirável.
Com problema, sem problema, a escola
sabe desfilar. Comunidade firme e segue, mesmo sem os favoritismos de
outrora, um dos melhores "chãos" da Sapucaí. Chão de taco passado no
tacolac. Chão antigo, mas sempre encerado. E esse samba não é fácil, a
obra tem um desenho melódico complexo, os compositores não fizeram com
preguiça, não foi no automático. E bom que assim seja.
O samba é sui generis pelo alto nível poético e proposta melódica ousada. E gosto até do refrão inventado a posteriori da disputa. Tão bonito quanto o resto. O ensaio da Vila foi vestida de escola acostumada aos primeiro lugares. Os dois títulos e as boas colocações dos últimos 10 anos se devem ao corpo sarado da Vila. Corpo esbelto, atlético. Chão em ápice, no elixir da vivacidade. O samba gritado, berrado.
A comissão de frente de Jaime Arôxa veio para o encantamento na base da interdisciplinaridade; lúdico-popular. Componentes que quando conjugados nos dão esse binômio de poesia singular. A leveza daquele grupo de bailarinos era para emocionar qualquer um, como se fora um grande espetáculo internacional da Brodway. Os bailarinos não só talentosíssimos, como de feição estrangeira, parecia o High School Musical, Disney. Nem foi coreografia oficial por certo, mas se fosse daria dez sem problema nenhum. Sorte que não sou jurado de Comissão de Frente. Ou azar.
Casal Diego Machado e Nathália Pereira crias da Vila e com primeira oportunidade como 1°, depois de 4 anos como segundo e de boas passagens por Tradição e Cubango no Acesso. O envolvimento suave não é só da batuta. Olhando para os dois fica claro. Em relação a 2014, eles parecem mais expressivos, talvez mais confiantes, mais pegados nessa oportunidade única. É um período de transição para eles. Espero que haja paciência aos dois que substituem Marquinhos/Giovanna e Julinho/Ruth, não é um sequencial muito confortável para suceder. Haja pressão! Um ponto importante foi dançar à frente da Bateria. É um posicionamento que deve ser delicioso ao casal, mas no macro é mais complicado para comandar a escola na avenida.
Casal e Comissão juntos na cabeça permitem a direção ser dada do início e quase que por automação por parte de quem puxa a escola. Com o casal no meio, um detalhe inesperado mata a evolução. A Vila cantou forte sob a regência do ótimo mestre Walan e carro de som comandado pelo esfuziante Gilsinho. A cabeça da escola se apresentou com garra, mordendo, emocionando todos nós, soltando então a voz na canção, mostrando a dignidade de volta pro ninho. A Vila de novo sorrindo é verso verídico. Os componentes cantavam com os dentes de fora. Houve uma queda sentida na retinha final da escola, nas alas finais. Talvez pelo ímpeto empregado nos primeiros minutos. Muita vontade de fazer acontecer não é o ideal, passa da bola. As últimas alas chegaram cansadas. Dosar energia é fundamental numa avenida com mais de 500 metros.
Meticulosidade nessa história faz diferença. Apesar do ótimo canto linear, houve além desse declínio nas últimas alas, algo sentido. Um trecho do samba que não está decorado ainda por boa parte dos componentes: “Na arte retratos da vida, o amor de Ceci e Peri” Tem gente enrolando e mascando chiclete nessa hora. Há uma necessidade de apuro nesse trabalho de saber o samba todo, sem enrolação, nem escapatória. E depende mais do componente isso.
No todo, foi quase canto de 100%, difícil achar quem não cantasse o samba. Poucos detalhes separam a Vila das notas dez nos quesitos de chão. Terminando de apurar esse barracão, fechando uns detalhes nos próximos ensaios, a Vila deve melhorar sua posição do ano passado e ir para a luta do sábado das campeãs.
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